COLUNA VILMA
MACIEL
INFORMAÇÃO-CULTURA-MEMÓRIA.
TERIA
LAMPIÃO VINDO A JUAZEIRO ANTES DE 1926?
RAZÃO PELA
QUAL O PADRE CÍCERO FOI ACUSADO DE PROTETOR DE CANGACEIROS.
Padre Cícero Romão Baptista sabia
que a questão do banditismo no Nordeste era um problema de alto cunho social e
econômico, oriundo do sistema político-administrativo,(coronelismo) que durante
décadas infelicitou os sertões nordestinos alimentando insídias políticas
sociais e religiosas responsáveis por tanta desgraça e miséria.
Época de juízes venais e chefes
políticos,coronéis de (rabo preso,) ancorados na efervescência das oligarquias
que dominavam os sertões: Havia deturpadores da religião, policiais de atitudes
e abusos vergonho-
sos,
criminosos sob a proteção dos chefes políticos coronéis e fazendeiros, padres
ameaçando os pobres sertanejos com castigos,"nas profundezas do
inferno" se não obedececem os dogmas da igreja, enfim,, alegações essas,
que apavorava o povo, em sua maioria analfabetos, sem assistência médica, e
desamparados à própria sorte.
***
O Padre Cícero via em tudo isso, um
pedido de socorro. Sentia dó e o dever de ajudar. Não negava seu apoio e
conselhos a ninguém.: Criminosos, prostitutas, endemoniados,cangaceiros,
doente, pobres,ricos e pessoas de fé. Para ele não havia distinção. Eis aí a
razão pela qual era chamado de protetor de cangaceiros.
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No livro do meu saudoso amigo
escritor, memorialista, e testemunho ocular de fatos da época:Padre Cícero e
Juazeiro, página 91,há uma citação que despertou-me essa dúvida, mesmo que a
consideramos absurda por falta de registros ou provas.
Teria Lampião visitado o Juazeiro
antes de(março de 1926?) Vejamos o que diz:
"José Geraldo da Cruz, com quem
muito troquei ideias sobre o Padre Cícero Romão Baptista e Juazeiro do Norte,
era na sua época, um chefe político no Cariri. Homem de maior valor e conceito.
Durante alguns anos, o farmacêutico José Geraldo exerceu a função de secretário
do Padre Cícero. Foi também, mais de uma vez, prefeito municipal de Juazeiro do
Norte.
Contou-nos aquele famoso líder
juazeirense, o seguinte:"
"Certo dia, em 1923, ao entrar
na casa do padre Cícero, viu três homens ajoelhado aos pés do sacerdote. O padre
os abençoava pronunciando uma prece.Entregou-os à Nossa Senhora das Dores.
Um desses homens era bem moreno alto
e bastante magro.O homem magro havia alegado que estavam todos cansados da vida
agitada que levavam, impulsionados que foram por consequências especiais,
forçados a abraçar aquela desdita. Disseram eles que vinham sendo perseguidos
pelas polícias de três estados e que não queriam se sujeitar mais em, na sua
defesa matar outras pessoas.
O Reverendo, então, redigiu uma
carta de próprio punho, dirigida a um engenheiro amigo seu que administrava a
construção de importante Usina de Babaçu, no Maranhão, pedindo, desse trabalho
aos três homens."
***
Padre Cícero penalizou-se com a
argumentação dos visitantes que disseram humildemente, desejar viver em paz com
suas famìlias.
Os três arrependidos porém, não
tiveram sorte.
Quando almoçavam em dos subúrbios de
Teresina, Piauí, foram reconhecidos por um ex cangaceiro que disfarçadamente,
foi denunciá-los.
Alguém os advertiu a tempo. Fugiram
sem deixar pistas. Eram eles:
Virgolino
Ferreira da Silva,o(Lampião) que na época ainda não tinha esse título, e os
dois companheiros de bando.Daí, se não fosse essa denúncia eles poderiam ter
sido aproveitados para outras atividades na vida.
Observação:
Não há registro que prove tais afirmativas. Se Virgolino veio a Juazeiro falar
com o Pe.Cícero antes,(1923) . Em (1926) quando se apresentou para compor as
tropas do Batalhões Patrióticos contra o movimento da Coluna Prestes.Não há
dúvida de que ele tinha admiração e respeito ao sacerdote.Padre Cícero que
contava naquela época 82 anos, não gostou do imprevisto que tinha caído sobre
ele, com a ausência de Dr. Floro teve que recebê-lo.
***
Como vimos é
possível que Virgolino tenha vindo antes a Juazeiro, como cidadão comum ,
romeiro disfaçado.O que se sabe é que ele não mandaria sua família para terra
desconhecida.
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O saudoso
amigo Aldenor Benevides foi acolhido com muito carinho e cuidados pela família
de Renato Casimiro,na Rua São José, onde morou até seus últimos dias de vida,
96 anos se não me engano. Antes de prostár-se mandou chamar-me e disse:"
escritora Vilma Maciel, assim como eu, você cuida dos livros com muito carinho
e zelo, amamos à cultura, por isso receba este presente." Muitos livros de
seu acervo.
É muito
gratificante ter conhecido uma pessoa tão honesta, culta e inteligente como o
Aldenor Benevides.
Vilma
Maciel- (23/01/2016)