Padre Cicero

Padre Cicero
Tela de Vilma Maciel

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016




COLUNA VILMA MACIEL
NAS ENTRELINHAS DA HISTÓRIA.
17/O1/2016-102 ANOS DE MORTE DE MARIA DE ARAÚJO.(24-O5-1863)-(17/01/1914).
            A história tem suas "histórias",muitos fatos interessantes passam despercebidos, envolvidos que ficam, escondidos pelo formalismo dos textos acadêmicos quilométricos. Por causa dessa diluição, regras e formas gramaticais, linguagem rebuscada, tais textos perdem-se às vezes os lances mais humanos acontecidos na vida de nossos heróis.
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            Nas entrelinhas da história é o resultado de uma garimpagem que faço nas páginas escritas pelos nossos memorialistas somado ao meu gosto e sincera vontade de contribuir, esclarecer, discutir e pesquisar.
HOJE ABORDO A QUESTÃO RELIGIOSA DE JUAZEIRO.
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O ROUBO DOS PANOS ENSANGUETADOS, QUE NA ÉPOCA FORAM GUARDADOS NO SACRÁRIO DA MATRIZ DO CRATO.
            O fenômeno do polêmico milagre ocorrido em Juazeiro em 1889 a 1891, o fato dito miraculoso vem sacralizar a ação sacerdotal do padre Cícero Romão Baptista no povoado. Ao ministrar a comunhão A beata Maria de Araújo, a hóstia se transforma em sangue. Este acontecimento iniciou acirrada polêmica religiosa envolvendo as classes dominantes e consequetemente, a subalterna. Esta última, se valendo da fé, constrói seu espaço sagrado. A igreja contesta, culminando com o interdito religioso mais longos da história católica no Brasil.
            Somente agora neste final de 2015 a igreja reconhece seu erro e se reconcilia com o padre Cícero.
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            Padre Cícero foi suspenso de exercer os sacramentos de sua missão sacerdotal. Foi instaurado um processo sobre os fatos extraordinários sucedidos a  Maria de Araújo.
            O Rvmo. padre foi obrigado a entregar a caixa de vidro existente na Capela de Nossa Senhora das Dores, no juazeiro,dentro, o conteúdo guardado serviria de provas a favor dos fatos.
            O sacerdote obediente às ordens da Diocese de Fortaleza, vinda de D. Joaquim (Bispo.) sob pena de ipso facto no caso de desobediência.
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            As relíquias ficaram guardadas  no Sacrário da Matriz do Crato. Panos ensanguentados que serviram para limpar o sangue na boca da beata e alguns pingos de sangue que mancharam o chão sagrado da igreja.
            De repente, desapareceu aquelas provas.
            Com o roubo da caixa contendo os lenços ensanguentados, D. Joaquim, Bispo de Fortaleza, iniciou especulações e acusações indevidas a José Marrocos mentor, advogado e amigo do padre Cícero. Também padres e pessoas da confiança do Sacerdote.
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            Esses fatos aqui narrados em sinopse, se nos apresentam coerentes e nos levou à pesquisar e tirar algumas dúvidas.
            Seriam esses os únicos paninhos restantes?
            Havia no momento da comunhão, beatas e zeladoras na Sacristia,
            será que alguém não se preocupou em salvar alguma prova?
            Graças a nossa vontade de desvendar essa questão, agendei uma visita com a profª. e escritora Generosa Alencar,na época já em idade avançada, porém posso afirmar a encontrei lúcida, prestativa, sábia. A historiadora foi testemunha  ocular da vida do padre Cícero. Foi uma das moças criadas, educadas e protegidas do Patriarca.Autora em parceria com Fátima Menezes do livro Homens e Fatos na História do Juazeiro-1989.
Com ela obtive informações importantíssimas. Por este tempo estávamos, a Célia Magalhães e eu coletando dados em pesquisa para nosso livro:NORDESTE MÍSTICO-IMPÉRIO DA FÉ, que publicamos no seguinte ano.
            A guardiã  cuja identidade é preservada, embora nos tenha dado o prazer e autorização a registro fotográfico, residia na rua Sta. Rosa aqui em Juazeiro do Norte.Nos mostrou com muito carinho  um dos lenços,de cambráia de linho branco(amarelado pelo tempo) e com o nome de Padre Cícero bordado em linha preta. o paninho estava manchado de sangue, como mostra as fotos. em anexo.Sua mãe confiou a ela este segredo e pediu sigilo. foi realmente emocionante  tocar no pano.Após o falecimento dela o pano deve ter ficado aos cuidados da Paróquia.

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fonte:
(Folha do Juazeiro, Juazeiro do Norte-25.11.1972.)
cit. Antes Q`M`esqueça-volume I - Renato Casimiro.
Padre Cícero Romão Baptista e os Fatos do Juazeiro.
Luitgarde Oliveira Cavalcante Barros( Organizadora.)
Vilma Maciel-20/01/2016

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