Padre Cicero

Padre Cicero
Tela de Vilma Maciel

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A Outra

 Seu Abel chegou, transportado pela ambulância, morre...não morre...respiração ofegante, pálido, debilitado. Logo foi encaminhado para o Centro de Emergência do Hospital Regional.
 Correria do corpo médico, enfermeiros, maca, socorro de oxigênio, soro e todos os recursos disponíveis para salvar vidas.
 - Quem é o acompanhante do Seu Abel?
    Indagou o médico.
 - Sou eu...respondeu a Dona Dora.
 - Não Dr. ! Sou eu. Respondeu a Silvia
 O médico franze o sobrevenho apreensivo.
 - Só tem direito a um acompanhante no Sistema do SUS.
 Argumenta o médico.
 - Eu acompanho Dr. Determina Dora lançando um olhar de desprezo para a Silva.
 - Mas afinal, quem é a mulher do paciente?
 - Sou eu Dr; Dora Xenofante, esposa legítima, mãe de seus filhos. A mesma que cozinha, lava e passa...pau pra toda obra e que ate hoje cuida dele.
 - Não Dr. ! Grita a outra...
 - Sou eu sua mulher... a mesma que satisfaz seus maiores desejos na cama. Ele não vive sem mim! Portanto quero companhá-lo nesse momento.
 - Sssshh! Replica a enfermeira - não é hora pra...
 Seu Abel se contorce na maca. Pele arroxeada, tremendo como vara verde.
 Consultam as vagas na UTI. Não há! Urgente o encaminham para o Semi-Intensivo.
 Deitado de barriga para cima, tubos e fios conectando-o a aparelhagem ao seu lado. Seu Abel respirava artificialmente.
 O quadro piorou...
 - Tarde demais, ponderou o médico. Fiquem as duas.
 Dora grita...
 - Querido! Querido!
 Silva...a acompanha.
 - Não nos deixe, não nos deixe...
 Seu Abel arregala os olhos num último esforço, olha para as duas e dorme...dorme para sempre.


Vilma Maciel

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Comédia da Vida
Vilma Maciel
                                    GAFES

        O Felipe encantou-se com a beleza da Tayná. Alta, esbelta, cabelos negros, olhos azuis turqueza.
Um belo contraste em termos de características física.Uma verdadeira obra da natureza.
        Felipe, fino educado, de família nobre. Disse para si mesmo:"Eu quero esta mulher."
        Acontece que Tayná era famosa pelas suas gafes.Embora dissimulada usa sua beleza como
máscara.Semi-analfabeta por opção. Porém, graças a influência de algumas de algumas amigas,
vestia-se muito bem.
        Paixão a primeira vista. O Felipe resolveu levar a sério o relacionamento.Convidou a Tayná
para apresentar à família e consolidar o noivado o noivado.
                                 
                        - Amor, minha família é cheia de frescura!E melhor não falar muito!
                        -Por quê? Amor...Tá com vergonha de mim?
                        -Não...Não!É que...é que...
                        -Que o quê? Quem vai casar comigo é você ou sua família?
                        -Claro amor que sou eu! Mas a primeira vista faça um esforcinho para deixar uma
                          boa impressão!
                        -Não! Não quero nada por pressão!
                        -Deixa pra lá amor.Seja você mesma.
                        -Ok!Pode deixar.
O Felipe ficou em pânico só em pensar nos conselhos dos pais. "Filho, só já uma coisa que não acei-
tamos, é se você escolher uma esposa sem princípios."Educamos você nos melhores colégios.
           Chegou o dia da apresentação.Diante do luxo do prédio, Tayná já começava a dar vexame.
                        -Amor...Esse prédio enorme é de teu pai???
                        -Não amor! Só a cobertura.
                        -Cobertura!? Não sei bem o que é isso!
                        -É no última andar. Deixa pra lá... Depois te explico.
                        -Ok!
                        -Vamos pegar o elevador!
                        -Amor...Eu prefiro subir a escada.
                        -15 andares!!! De escada? Não dá!
                        - Tá bem!
        Na porta do AP. O mordomo, muito educado,vem recebê-los.
                        -Sr. Felipe...Seus pais os esperam. Entrem por favor.
        Tayná franze o senho de espanto.
                        -Amor porque você não me disse que seu pai era es-
                          curinho?
                        -Tayná! Pelo o amor de  Deus...Esse é o Sr.Thópsom,
                          nosso mordomo.
                        - Ah! Ah!
        Na sala de visitas dar-se a apresentação.
                        -Papai... mamãe, esta é a Tayná!
                        -Que moça bonita!Exclama a mãe.
                        -Obrigado, responde Tayná agradecida.
       Num descuido da mãe, Felipe belisca Tayná, esqueceu amor!Você
                        fala obrigada!(da).
                        -Mas que bobagem! Tanto faz, como tanto fez.
                        -Este é o paizão!
                        -Prazer Sr!Como o Sr. é idoso!
                        -É filha, o tempo passa para todos.Prazer...fiquem a
                        vontade.
        No jantar,Tayná olha para a Sra. Galber e comenta descontraída.
                        -Como o seu cabelo é diferente!Bonito esse vermelho!
                          Mas é meio estranho!
        Felipe toca de o pé da moça sob a mesa.
                        -Ui! ui....Felipe falei algo errado?

        O rapaz fala baixinho:
                        -Amor! É peruca.Não comenta!Depois explico.
                        -Fica frio!
        As gafes ultrapassam as espectativas do rapaz.                                                                

                       -Olha amor!A empregada deixou o pano de prato....
                       -Amor é guardanapo!
                       -Santo Deus! como é grande!
        Felipe não sabia como esconder a decepção diante dos convidados
                       -Amor, o que combinamos...falar pouco.Hora do jantar.
                       -Pode deixar amor.
        Felipe sentiu um frio na barriga na hora da escolha dos talheres.
        Tayná fala baixinho!
                      -Amor!Pra quê um garfo tão pequeno e outro grande?
                      -Psssiu! Psssiu... preste atenção como os uso!
                      -Pode deixar!
                      -Tayná você aprecia caviar.
        Indaga a mãe do rapaz.
                      -O que? nunca vi isso!
                      -Caviar é uma delícia!
                      -Prefiro espetinho!Responde a moça.
                      -Tayná qual asua preferência gastronômica?
                      -Prefiro não gastar muito,sou econômica.
                      -E vinho?Prefere seco ou suave?
           Tayná comenta:
                      -Seco não...Pode encher a taça.
           Felipe abre o jogo.
                      -Amigos, mamãe, papai, a Tainá é uma moça muito simples...relevem!
           Nas despedidas os amigos mais íntimos confortam Felipe, que pede desculpas.
                      - Desculpa aí...amigos
                      - Não há mada a desculpar, sua noiva é uma bela joia que precisa apenas ser lapidada.
                      - Vou tentar! Tchau!
                      - Voltem sempre.                                                        

domingo, 21 de julho de 2013

Falta de ar
    A rotina do Regional desencadeou um rítimo e estressante. A super lotação quebrou normas e paradigmas..
     Gente que sai, gente que entra.
   Sem alternativa, pobres e classe média ameaçados pela visita da toda poderosa "Sra. Morte", querendo fisgá-los, correm para lá.
    Aí, está o problema.
  Um só hospital pra milhões de doentes. Pouca vergonha! ... Os políticos brandam melhorias na saúde Pública, Educação, Segurança...Ah!!! Quanta lorota! A saúde pública está um "caos". Falta hospitais para a demanda.
   Por outro lado, foi inaugurado o CEO (Centro Especializado Odontológico). Tecnologia de ponta.
   Porém!!!
  Para fazer tratamento dentário nesse "CEO", passa-se primeiro pelo "inferno" da fila do SUS. O Pobre continua desdentado!!!
  Nesse caos da Saúde Pública, a silhueta majestosa do Regional embeleza a cidade do "padim Cícero" mas não consegue mais atender a grande demanda. Emergência, socorro...dia e noite.
   - Lá vem mais um morrendo!
   Grita os seguranças do hospital.
   Emergência!
   De repente, chega o socorro médico até a ambulância. Médicos, enfermeiros, maca, soro, fios, exames, primeiros socorros.
   - O que ele tem?
   - Falta de ar.- Responde a acompanhante.
   - Deus!!! Pensa os profissionais de saúde...pra onde vamos levar este? Não temos mais nenhuma vaga nas UTIs.
   O paciente agoniza, pele roxa, mãos geladas, e, a Sra. Morte...de prontidão para fisgá-lo.
   - Por Deus Dr. !!! Salve o Ambrósio! -Grita a mulher.
   - Calma Sra...vamos salvá-lo.
   A equipe de saúde busca solução...e pensa lá com seus botões...
   - Ah! Deus...para o paciente só falta "ar". Mas aqui...
   Falta vagas...
   Falta Médicos...
   Falta macas...
   Falta dinheiro.
   - Corre!!! Grita a enfermeira - O homem está morrendo!!!
   - Oxigênio!
   - Reanimação...
   Reanimação...
   Reanimação...
   Em vão.
   A Sra. Morte acaba de arrastá-lo para sua mansão.
   É amigos! Se dependermos da Saúde Pública...Ah!!! Estamos "ferrados" " FERRA-DO-DOS."
   
Vilma Maciel

   

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Amigos leitores,
    No nosso Cantinho da Literatura postarei uma crônica semanal, cujo temas envolvem a rotina do cotidiano. Divirtam-se e viajem pela leitura.

Abraços

sexta-feira, 12 de julho de 2013

"Feliz do Homem que constrói o seu palácio sem derrubar o casebre do irmão."

Maria Bonita, pintada por Vilma Maciel




"Os Fuzilados do Leitão, Uma Revisão Histórica", aborda aspectos relacionados com o cangaço no sul do Ceará e Oeste de Pernambuco - vale do Cariri/chapada do Araripe e áreas circunvizinhas. Relata um fato ocorrido com os "Irmãos Marcelinos" num local denominado Alto do Leitão na cidade de Barbalha na madrugada do dia 5 de janeiro de 1928, onde foram mortos Miguel e Pedro Miranda, João Marcelino e Manoel Toalha, além do mais famoso deles, o cangaceiro "Lua Branca", que percorreram a região cometendo crimes cruéis. A autora narra com conhecimento e lucidez de detalhes, os assassinatos e sepultamentos dessas cinco pessoas os demais fatos que aconteceram naquela noite - madrugada, no Alto do Leitão.
"Lampião: Luta, Sangue e Coragem" É um romance histórico regional de primeira linha, em que a autora criou as falas fictícias para os personagens reais, pois Antônio, José Ferreira, Livino, José Saturnino, os Nazarenos, Corisco, Maria Bonita e demais personagens fazem parte da vida do Cap. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Essa obra demandou milhares de horas de trabalho e recebeu uma atenção e zelo todo especial da autora, pois foi cuidadosamente elaborado, obedecendo à seqüência cronológica da vida e ações do rei do cangaço. O romance inicia com a história de José Ferreira e Maria Lopes, os pais de Lampião; segue narrando os primeiros desentendimentos dos irmãos Ferreiras com Zé Saturnino; a mudança para Poço do Negro e depois para Alagoas; continua com a morte dos pais de Virgolino e sua entrada definitiva no cangaço, fazendo parte dos grupos de Antônio Matilde, dos Porcinos e depois de Sinhô Pereira..