A Outra
Seu Abel chegou, transportado pela ambulância, morre...não morre...respiração ofegante, pálido, debilitado. Logo foi encaminhado para o Centro de Emergência do Hospital Regional.
Correria do corpo médico, enfermeiros, maca, socorro de oxigênio, soro e todos os recursos disponíveis para salvar vidas.
- Quem é o acompanhante do Seu Abel?
Indagou o médico.
- Sou eu...respondeu a Dona Dora.
- Não Dr. ! Sou eu. Respondeu a Silvia
O médico franze o sobrevenho apreensivo.
- Só tem direito a um acompanhante no Sistema do SUS.
Argumenta o médico.
- Eu acompanho Dr. Determina Dora lançando um olhar de desprezo para a Silva.
- Mas afinal, quem é a mulher do paciente?
- Sou eu Dr; Dora Xenofante, esposa legítima, mãe de seus filhos. A mesma que cozinha, lava e passa...pau pra toda obra e que ate hoje cuida dele.
- Não Dr. ! Grita a outra...
- Sou eu sua mulher... a mesma que satisfaz seus maiores desejos na cama. Ele não vive sem mim! Portanto quero companhá-lo nesse momento.
- Sssshh! Replica a enfermeira - não é hora pra...
Seu Abel se contorce na maca. Pele arroxeada, tremendo como vara verde.
Consultam as vagas na UTI. Não há! Urgente o encaminham para o Semi-Intensivo.
Deitado de barriga para cima, tubos e fios conectando-o a aparelhagem ao seu lado. Seu Abel respirava artificialmente.
O quadro piorou...
- Tarde demais, ponderou o médico. Fiquem as duas.
Dora grita...
- Querido! Querido!
Silva...a acompanha.
- Não nos deixe, não nos deixe...
Seu Abel arregala os olhos num último esforço, olha para as duas e dorme...dorme para sempre.
Vilma Maciel
Nenhum comentário:
Postar um comentário